Áreas úmidas – conceito criado pela Convenção de Ramsar para denominar o conjunto de áreas alagáveis, como lagos, manguezais e pântanos - são ecossistemas complexos e variados. Ambientalmente ricas, essas áreas abrigam uma grande variedade de espécies endêmicas e prestam importantes serviços ambientais, como o fornecimento de água. Por outro lado, também são frágeis e dependem da água para a sua sobrevivência e das espécies que abrigam.
Mostrar essa interdependência é o objetivo da campanha do Dia Mundial das Áreas Úmidas, comemorado no último dia 2 de fevereiro, e que neste ano teve como slogan Áreas úmidas cuidam da água. A intenção é reforçar a necessidade de considerar a visão das áreas úmidas no manejo da água e reconhecer o papel que elas desempenham no suprimento da demanda por esse recurso fundamental à existência humana.
A campanha segue as diretrizes da Organização das Nações Unidas (ONU), que instituiu 2013 como o Ano Internacional de Cooperação pela Água. Por isso, a Convenção de Ramsar, que criou a data, se uniu ao Programa Hidrológico Internacional da Unesco na preparação dos materiais de divulgação deste ano.
Na mensagem de lançamento da campanha, a secretária-geral da Convenção de Ramsar, Anada Tiéga, ressalta que o tema oferece uma excelente oportunidade para reforçar o entendimento da ligação existente entre áreas úmidas e água. “É reconhecido que o acesso à água limpa com o fornecimento adequado desse recurso constitui-se condição essencial para a sobrevivência humana. No entanto, há pouco entendimento de que as áreas úmidas são fundamentais para regular o regime hidrológico, enfatiza Tiéga.
A campanha quer mostrar essa ligação, reforçando a mensagem de que sem o manejo adequado das áreas úmidas não haverá água em quantidade e qualidade para suprir essa demanda.
O Brasil, juntamente com a Bolívia e o Paraguai, abriga a maior área úmida continental do planeta, o Pantanal, onde o WWF desenvolve projetos de conservação desde 1998. O Pantanal tem sua importância ambiental reconhecida com dois títulos importantes: o de Patrimônio Nacional, pela Constituição brasileira, em 1998, e o de Reserva da Biosfera pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2000.
Para o superintendente de Conservação o WWF-Brasil, Michael Becker, o Brasil tem o desafio de cuidar desse imenso patrimônio natural, como um todo, desde as suas nascentes até a planície inundável. E a campanha com o tema água contribui para reforçar essa necessidade.
De acordo com Becker, a existência do Pantanal depende não só do que ocorre na parte baixa mas também no planalto da sua bacia hidrográfica, onde nasce a maior parte da água que o alimenta. Por isso, qualquer mudança que altere o volume ou a qualidade da água é prejudicial ao Pantanal, pois interfere no regime de inundações, responsável pela manutenção do bioma. “É o ciclo das águas que garante a existência do Pantanal. Se esse ciclo se rompe, essa grande área úmida, com toda a riqueza ambiental que ela representa, fica seriamente ameaçada”, alerta.
Áreas úmidas - O conceito de áreas úmidas (ou zonas úmidas) foi criado pela Convenção de Ramsar, tratado intergovernamental celebrado no Irã, em 1971. O nome define as áreas de transição entre os ecossistemas aquáticos e terrestres, como lagos, manguezais, pântanos e também áreas irrigadas para agricultura, reservatórios de hidrelétricas, entre outros. O tratado, do qual o Brasil é signatário, marcou o início das ações nacionais e internacionais para a conservação e o uso sustentável das zonas úmidas e seus recursos naturais.
As áreas úmidas estão presentes em todos os tipos de ecossistemas e são importantes para a manutenção da diversidade biológica e para a regulação do clima. Pelo fato de terem um ciclo hidrológico que se modifica o tempo todo e que exige adaptação constante, abrigam uma enorme variedade de espécies endêmicas.
Outro serviço importante prestado por essas áreas é a regulação do ciclo hidrológico, ampliando a capacidade de retenção de água da região onde se localiza e, com isso, promovendo o múltiplo uso das águas pelos seres humanos.
Fonte: Portal WWF Brasil
Com informações divulgadas pela Convenção de Ramsar e Unesco.
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