Em tempos de debates cada vez mais acalorados sobre meio ambiente, ter uma árvore em casa equivale a acolher um hóspede ilustre. "Trata-se de um bom recurso para obter conforto térmico e acústico, que, além disso, responde aos apelos da sustentabilidade", opina o paisagista Marcelo Faisal, de São Paulo. Mas, como toda visita, essa também demanda certas providências antes de sua chegada. A primeira diz respeito à adequação ao clima, crucial para o desenvolvimento da planta. "Não adianta trazer uma espécie de origem europeia para os trópicos", enfatiza a paisagista paulista Juliana Freitas. Além da viabilidade de adaptação da muda, considere o porte da vegetação.
O crescimento vigoroso da raiz costuma estragar pisos e muros; já o volume da copa pode comprometer a fação elétrica da rua ou então avançar sobre telhados e beirais, inclusive os de vizinhos. "Espécies maiores só funcionam em jardins extensos, parques e praças", avisa Juliana. Segundo ela, os profissionais da área seguem a seguinte tabela: exemplares de 3 a 6 m de altura são considerados pequenos; de 6 a 10 m, medianos; acima de 10 m, grandes. Se você ainda não escolheu a que cultivar, aproveite as sugestões para três situações: fachada principal, calçada e margem da piscina. Todas se adaptam bem nas diversas regiões do Brasil.
Verde na fachada: "A entrada da residência comporta vegetação de médio e grande portes, com característica ornamental e capaz de propiciar sombra", diz a paisagista Paula Magaldi, de São Paulo.
Na beira da piscina: "Aqui, a maior preocupação é evitar a queda de folhas que dificultem a limpeza e danifiquem filtros", afirma a paisagista Suzi Barreto, do escritório carioca Landscape. Por isso, palmeiras de folhagens largas são tão comuns nesses locais
Calçadas sombreadas: "A melhor pedida são espécies de pequeno a médio portes dotadas de raízes não muito profundas, assim, tanto a fação quanto o calçamento ficam intactos", pondera a paisagista Juliana Freitas. Sem falar que o sombreamento ameniza o calor emanado do asfalto
O fato de produzir sombra e, assim, refrescar os arredores é, sem dúvida, aspecto dos mais benéficos. Entretanto, segundo Marcelo Faisal, o excesso de sombreamento provoca consequências indesejáveis. "Ele causa males ao jardim, uma vez que mina o crescimento de certas plantas", alerta. "Como resultado, o espaço tende a ficar monocromático ou baseado em gramíneas. O ideal é balancear com locais ensolarados", acrescenta.
O ciclo de vida das folhas também merece reflexão. Dependendo do tamanho e da quantidade desprendida dos galhos, os ralos e as calhas entopem facilmente. "Ao planejar seu jardim, o morador deve saber que algumas árvores [as caducas] perdem todas as folhas no inverno, enquanto outras possuem folhas ou flores miúdas e viscosas capazes de manchar o piso", lembra Juliana Freitas. Já as frutíferas atraem aves e insetos. Cabe a cada um decidir se tais visitantes são bem-vindos ou não.
O plantio pode se dar em solo, laje ou vaso. Terrenos naturais oferecem poucas desvantagens - veja se há tubulação, muros, coberturas e fios nas proximidades que impeçam o cultivo.
CONFIRA OUTRAS DICAS:
■ Tamanho da cova: é determinado pelo porte da espécie, segundo Marcelo Faisal. "A escavação ideal para mudas varia de 60 a 70 cm. Uma árvore adulta pode precisar de até 1 metro quadrado, fala.
■ Cultivo em lajes: exige uma altura de terra de pelo menos 50 cm, coberta por brita, areia e manta geotêxtil. Além disso, requer impermeabilização, que deve ser refeita a cada dez anos (processo no qual, muitas vezes, algumas plantas não resistem). Árvores de enraizamento profundo estão fora de questão tanto em laje quanto em vaso.
■ Transplante de exemplares crescidos: leve em conta que isso demanda transporte e maquinário.
■ Adubação: "Há espécies que gostam de solo umedecido e outras, de terrenos drenados. Nesse caso, adicione areia à mistura", diz Juliana Freitas.
Com informações: Raphaela de Campos Mello -Arquitetura & Construção - 10/2012
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