Muitas das espécies exóticas vegetais que existem hoje no Brasil chegaram ao país trazidas pelos colonizadores há 500 anos. É o caso da jaqueira e do abacateiro, por exemplo, que foram trazidos pelos portugueses com fins de alimentação - como não sabiam o que iam encontrar por aqui, eles preferiram se garantir - e são consideradas espécies exóticas invasoras. Sua introdução no país atrapalhou as interações entre as espécies já existentes. Por isso, as espécies exóticas invasoras são consideradas hoje a segunda maior causa de perturbações ambientais, perdendo apenas para o desmatamento.
As espécies exóticas invasoras animais como a ratazana, o camundongo e os cachorros e gatos que vivem nas ruas causam problemas enormes em unidades de conservação. É o que explica a professora do Laboratório de Ecologia de Mamíferos da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), Helena Bergallo:
“O impacto que essas espécies causam é enorme. A chegada do sagui do cerrado (também conhecido como sagui-de-tufo-preto) e do sagui silvestre (sagui-de-tufo-branco) na Região Sudeste se tornaram um transtorno. Em Ilha Grande, por exemplo, eles comem os filhotes de passarinho ainda no ninho. A quantidade dessas espécies de pássaros diminuiu muito causando um enorme desequilíbrio na fauna local. No Parque Nacional da Serra dos Órgãos. os saguis competem com o mico-leão-dourado, que é a espécie nativa local. Os saguis cruzam com os micos e hibridizam as espécies ameaçando o mico-leão-dourado de extinção”.
O mico-leão-dourado está em três listas diferentes de animais em ameaça de extinção, a do IUCN (International Union for Conservation of Nature), do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis) e da Secretaria do Estado do Rio de Janeiro.
Atualmente, a equipe do Laboratório de Ecologia de Mamíferos da Uerj faz um processo de castração química nos sagui-machos. Esse é um processo rápido, porém, segundo Helena, não ideal. “A gente injeta uma química para que o macho não reproduza. Esse processo é mais barato, porque não precisamos colocar o bicho em quarentena, prescindindo de uma estrutura de cativeiro para acompanhamento de operações cirúrgicas, que são mais eficazes. Isso porque se deixarmos de castrar um macho apenas, ele copula com uma fêmea e todo o nosso processo é perdido”, explica.
Os javalis são outro exemplo de espécie exótica invasora. Eles vieram da Argentina e do Uruguai, entrando no Brasil pelo Sul do país. Como havia caça, o desequilíbrio ambiental não era grande. Mas um decreto no Estado do Rio Grande do Sul foi criado proibindo sua caça. A partir de então, a espécie se espalhou chegando ao Sudeste e ao Nordeste ocasionando devastação nas plantações de milho. Além disso, os javalis têm causado muitos acidentes automobilísticos cruzando estradas durante a noite.
Fonte: Globo Ecologia
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