sexta-feira, 15 de junho de 2012

Sustentabilidade precisa estar da pré-escola ao doutorado, diz CLDEA

A inclusão da sustentabilidade em todos os currículos, da pré-escola aos programas de doutorado, é peça-chave para "a transição para uma 'economia verde' e mais eficiente". A opinião é do presidente do Conselho Latino-Americano de Escolas de Administração (CLDEA) e diretor de integração acadêmica da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Antonio Freitas, que participa do Fórum de Sustentabilidade Empresarial Rio+20, que vai desta sexta-feira (15) até o dia 18, no Windsor Barra Hotel.

O acadêmico integrou a comissão do Conselho Nacional de Educação que elaborou as diretrizes curriculares para a educação ambiental no Brasil, homologadas pelo ministro da Educação, Aloizio Mercadante, na quarta-feira (13), consolidando o que já estava previsto em lei federal desde a década de 80.


Iniciativa do Brasil pode virar referência
Segundo Freitas, a iniciativa do Brasil é pioneira e pode se transformar em referência. “O Brasil é o primeiro do mundo a incluir a sustentabilidade na educação de forma abrangente”, afirma.


Ele explica que a resolução do Ministério da Educação (MEC) estabelece a inclusão da sustentabilidade em todos os níveis, da pré-escola aos programas de doutorado. “Não estamos falando só em administração, estamos falando em todas as áreas e disciplinas. Mas cada escola vai colocar mais, ou menos, de acordo com o seu próprio interesse, como já é para todas as diretrizes curriculares”, explica.


Para o professor, a inclusão da sustentabilidade nos currículos é uma das propostas que deveriam ser inclusas no documento que o fórum de sustentabilidade empresarial irá entregar para a conferência oficial da Rio+20.


Quem está aqui pode mudar isso. É só começar a exigir isso nos sistemas de avaliação”, disse Freitas. “Estão falando aqui do futuro que nunca vem, mas o futuro tem que ser agora”, completou.


Para o acadêmico, a educação é um dos principais vetores de maior consciência ecológica e social, mas está atrasada na agenda da sustentabilidade.


'Estamos ensinando errado'
Tudo começa na educação. A sustentabilidade precisa ser encarada como um estilo de vida, Agora, precisa de liderança para fazer as coisas, porque estamos ensinando errado. Como é que alguém que estuda finanças vai tratar de análise de investimento, se você não fala em meio ambiente? Como é possível fazer a análise de retorno de investimento de uma fábrica e não considerar, por exemplo, os impactos ambientais?”, questiona.


Para Freitas, a transição para uma ‘economia verde’ deve ser tratada como um princípio ético e um contraponto ao “faroeste” praticado pelo modelo monetarista, de “lucro pelo lucro”.


O modelo de economia verde exige um maior investimento no início, mas diminui os gastos ao longo do caminho. E o ganho não se restringe a maior eficiência global, pois a busca passa a ser não só pelo dinheiro, mas também por um legado para filhos e netos”, diz.




Requalificação dos professores
O acadêmico reconhece, no entanto, que a inclusão da sustentabilidade nos currículos de todos os níveis exige requalificação dos professores e de um período de adaptação. “É preciso entender que isso é um processo, mas o custo é baixíssimo porque nós temos que retreinar os nossos professores de qualquer forma, e não só em sustentabilidade, porque a maioria das escolas públicas tem uma educação básica muito frágil”, avalia.


Segundo ele, a abordagem da sustentabilidade nos exames de qualificação será o melhor mecanismo para disseminar o tema nos currículos. "É um processo em curso, é só uma questão de tempo", finaliza. 


Fonte: Portal G1 Natureza

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