segunda-feira, 26 de março de 2012

Síndrome da Floresta Vazia é o empobrecimento da biodiversidade


Já faz pelo menos 20 anos que se ouve falar sobre “Síndrome da Floresta Vazia”. Foi em 1992 que Kent Redford, o irmão do ator Robert Redford, da série "Indiana Jones", dissertou sobre o esvaziamento e empobrecimento da biodiversidade no artigo “The Empty Forest” (“A Floresta Vazia”), publicado no volume 42 da revista científica BioScience. Utilizado até os dias atuais, o termo é tema do Globo Ecologia deste sábado, que mostra como a fragmentação das florestas, o corte de plantas e a caça ilegal de animais são as principais causas do desaparecimento de espécies. No programa, o professor do Departamento de Ecologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp-Rio Claro), Mauro Galetti, fala sobre a perda delas, seus motivos e consequências.
“Esse conceito surgiu com a constatação do trabalho do americano Kent Redford de que a caça de subsistência ou a comercial está dizimando milhões de animais anualmente nas florestas tropicais”, explica Mauro Galetti, referindo ao diretor do instituto Wildlife Conservation Society (WCS), sediado em Nova York.
A “Síndrome da Floresta Vazia” afeta principalmente as florestas tropicais da Mata Atlântica e da Amazônia. Além da caça de animais de grande porte também são grandes responsáveis por esse fenômeno o corte e a comercialização ilegal de alimentos, como o palmito juçara, e a transformação de trechos do bioma em pasto e agricultura.
“Estima-se que 60 milhões de animais sejam abatidos anualmente somente na Amazônia brasileira. Essa caça é seletiva e afeta principalmente os grandes animais, como antas, macacos veados e porcos do mato. Muitas florestas contínuas já não possuem mais esses grandes vertebrados. Atualmente, mesmo em áreas protegidas a caça é comum. Seja na Amazônia ou na Serra do Mar, a caça ‘esportiva’ ou de subsistência é comum”, explica Mauro Galetti.
A retirada de uma espécie de seu habitat natural é prejudicial para todas as outras do ecossistema. Sem a anta, por exemplo, não há dispersão de sementes, impossibilitando o surgimento de novas árvores. Ela pode ingerir sementes de tamanho grande, que saem em suas fezes, longe de onde foram consumidas. Por outro lado, sem o fruto do palmito juçara, cerca de 60 espécies de aves e mamíferos na Mata Atlântica ficam sem alimentação.
“Coibir a caça seria uma maneira efetiva de se evitar a floresta vazia”, afirma Mauro Galetti.
Proibir o corte de árvores e a transformação de trechos do bioma, também. E, como mostra oGlobo Ecologia, é importante que governos, pesquisadores e ativistas continuem investindo em pesquisas científicas, na fiscalização das florestas e na educação ambiental.


Fonte: Globo Ecologia (Texto e Imagem)

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